MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE DO BRASIL
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Carta MCC Julho 2010 (131ª.)
“Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa,
não em atenção às nossas obras, mas por causa do seu plano salvífico e da sua graça,
que nos foi dada no Cristo Jesus antes de todos os tempos” (1Tm 1, 9).
Esclarecimento. Ao iniciar esta carta mensal, é importante prestar aos meus leitores e leitoras, cursilhistas ou não, alguns esclarecimentos necessários. Já deve ser do conhecimento de todos que a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – através do seu Conselho Permanente, nomeou um novo Assessor Eclesiástico Nacional para o MCC do Brasil na pessoa do Pe. Francisco Bianchin, o nosso querido irmão Pe.Xico, sacerdote palotino de Santa Maria (RS). Respeitando e acatando a decisão, deixo a assessoria eclesiástica do MCC do Brasil depois de mais de trinta anos de presença e de dedicação exclusiva. Dos quase cinquenta e dois anos do meu sacerdócio, quarenta foram dedicados a este Movimento eclesial pelo qual lutei e sofri, mas, que, também muitas alegrias e plena realização pessoal me proporcionou. Creio, portanto, poder dizer neste momento de minha vida sacerdotal aquilo que Jesus nos ensina: “Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’” (Lc 17,10). Agradecendo a Deus, Doador de todos os dons, agradeço igualmente a todos meus irmãos e irmãs, sobretudo do MCC, que durante todos estes anos souberam suportar todas as minhas limitações, entre outras, minhas impaciências, exigências, impertinências e intransigências, pelo que lhes peço, também, o fraterno e evangélico perdão. Por outro lado, tenho certeza de que a assessoria eclesiástica do MCC do Brasil estará em mãos tão competentes como as do querido Pe.Xico, experiente na pastoral evangelizadora quer na paróquia de Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria da qual ele continua sendo o pastor zeloso e pároco exemplar, quer como Assessor diocesano e Regional do MCC no Rio Grande do Sul, quer como primeiro Assessor Nacional Adjunto durante tantos anos. E, por tudo isto, e mais pela sua acessibilidade e dedicação, admirado e respeitado por todos nós. Que Deus o guie e que o Espírito Santo o ilumine e fortaleça é o meu desejo pessoal. E que todo o MCC do Brasil o acompanhemos com a oração e com uma efetiva colaboração.
De minha parte, sempre confiado na graça do Senhor, como no primeiro momento de minha ordenação sacerdotal no longínquo ano de 1958, respondendo ao chamado do Bispo ordenante, o meu saudoso D .Henrique Golland Trindade, então Bispo de Botucatu (SP), com o profeta Isaias ouso repetir: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8). Em reunião do Grupo Executivo Nacional (GEN) havida há poucos dias, considerou-se a nova realidade do MCC no Brasil, chegando-se à conclusão de criar uma equipe sacerdotal que, sob a orientação do novo Assessor Nacional, deverá acompanhar o Movimento. A mim foi-me solicitado que continuasse a redigir as cartas mensais como, aliás, venho fazendo há mais de dez anos. É com muita alegria e disponibilidade que o faço. Vamos, então, ao tema central de nossa reflexão deste mês como aparece na citação da Primeira Carta de Paulo a Timóteo: a vocação e o caminho para a santidade.
1....Todo batizado é chamado à santidade. Trata-se de uma vocação, de um chamado da parte do Pai já feito no próprio batismo, da “vocação santa” da qual nos fala São Paulo. Mas toda vocação, todo chamado esperam uma resposta. A santidade nada mais é do que esforçar-se para responder a um chamado; esforçar-se para entrar pela “porta estreita” (Cf Mt 7, 13-14), porta que é o próprio Jesus. Santidade nada mais é do que buscar viver as bem-aventuranças anunciadas e vividas por Ele mesmo: “No seguimento de Jesus Cristo, aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida do próprio Jesus: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão entranhável frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua fidelidade à missão encomendada, seu amor serviçal até a doação de sua vida. Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como os Evangelhos nos transmitiram para conhecer o que Ele fez e para discernir o que nós devemos fazer nas atuais circunstâncias” (Doc.Aparecida 139). Aliás, atualizando para todos os católicos da América Latina e do Caribe o autêntico sentido de santidade, o mesmo Documento de Aparecida (DAp) dedica todo o capítulo quarto ao tema: “A vocação dos discípulos missionários à santidade”. Assim podemos ler logo no seu início: “Nestes últimos tempos, Ele nos tem falado por meio de seu Filho Jesus (Hb 1,1ss), com quem chega a plenitude dos tempos (cf.Gl 4,4,). Deus, que é Santo e nos ama, nos chama por meio de Jesus a sermos santos (cf. Ef 1,4-5) (DAp 130).
2. Ser santo é parecer-se com o Mestre. Trata-se de uma transformação invisível e, ao mesmo tempo, perceptível aos olhos humanos. Invisível, pois ela começa a operar-se no coração e na mentalidade da pessoa. Visível, porque esta transformação deve manifestar-se no seu dia-a-dia, na convivência e no comportamento. Diz uma moderna lei da publicidade, perfeitamente aplicável à vida cristã, que “aquilo que não aparece não existe”. É o que chamamos de testemunho de vida. Para o seguidor de Jesus, esta transformação significa ter o mesmo rosto de Jesus: “Para ficar parecido verdadeiramente com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35) (DAp 138).
3. Ser santo é ser missionário. Por paradoxal pareça ser, ao falar em “transformação interior”, estamos mencionando a atitude de Jesus que vive “saindo ao encontro das pessoas: “Jesus saiu ao encontro de pessoas em situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres e ricos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores... convidando-os a segui-los. Hoje, segue convidando a encontrar n’Ele o amor do Pai. “Por isto mesmo, o discípulo missionário há de ser um homem ou uma mulher que torna visível o amor misericordioso do Pai, especialmente aos pobres e pecadores” (DAp 147).
4. O único caminho para a santidade. Superando um certo conceito intimista e pietista de santidade ainda muito presente entre os católicos, o DAp mostra que é participando da missão de Mestre que o discípulo alcança a santidade: “Ao participar desta missão, o discípulo caminha para a santidade. Vive-la na missão o conduz ao coração do mundo. Por isso, a santidade não é uma fuga para o intimismo ou para o individualismo religioso, muito menos um abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos, sociais e políticos da América Latina e do mundo e, muito menos, uma fuga da realidade para um mundo exclusivamente espiritual” (DAp. 148).
Alimentado pela mesma certeza que animava São Paulo a respeito dos Colossenses, repito a cada um de dos meus amados leitores e leitoras: “E, com alegria, daí graças ao Pai que vos tornou dignos de participar da herança dos santos, na luz” (Cl 1,1-12). E que Maria, nossa Santa Mãe, acompanhe com sua presença amorosa, nossa peregrinação rumo à autêntica santidade!
A todos o abraço fraterno do irmão e servidor em Cristo,
Pe.José Gilberto Beraldo
Equipe sacerdotal do GEN
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br
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